Imagem gerada por IA - ChatGPT

“I think we’ve got six years to invest as much as we can, whether it’s your brain power or your capital, and both if you can, to make as much difference (as possible) to UNFUCK your future.”

Raoul Paul (ex-Goldman Sachs e fundador da Real Vision).

Nessas últimas semanas, estive envolvido em conversas com lideranças importantes de duas das mais importantes companhias do globo atualmente: Amazon e Oracle. Ambas estão construindo seus ecossistemas para atender o avanço da inteligência artificial, e se firmando como players capazes de prover tecnologia para toda uma nova cadeia de inovação que vem pela frente.

Estamos diante de uma transformação sem precedentes. Não é sobre os números, que a cada rodada de lançamentos ficam cada vez maiores - de acordo com a McKinsey, o potencial mercadológico da IA é de mais de US$ 20 trilhões -, mas sim sobre como os empreendedores agirão diante da inovação e da sua própria capacidade de criar produtos para uma geração ainda nascente.

Do lado do mercado financeiro, a oportunidade é gritante. As bolsas americanas voltaram a fazer máximas, e as dúvidas do começo do ano ante o desempenho da economia americana aos poucos vão sendo dissipadas. A troca da moeda fiduciária por ativos é clara: os recursos estacionados em renda fixa pura se tornaram capital improdutivo e devem gerar perdas reais aos investidores de longo prazo. Tal qual a história dos últimos vinte anos mostrou.

O ciclo atual de investimentos em inteligência artificial tem características que o diferenciam das ondas tecnológicas anteriores. As grandes companhias globais — Amazon, Oracle, Microsoft e Alphabet — estão consolidando um oligopólio de infraestrutura cognitiva, ao mesmo tempo em que abrem espaço para um ecossistema de novas aplicações em escala exponencial. O investimento em capacidade de processamento, modelos fundacionais e plataformas de integração tornou-se o principal vetor de alocação de capital em tecnologia.

Do ponto de vista setorial, o healthcare, por exemplo, desponta como uma das fronteiras mais promissoras. O uso de modelos generativos e de aprendizado profundo na descoberta de medicamentos — como evidenciado por plataformas como AlphaFold e Insilico Medicine — tem o potencial de reduzir o tempo de desenvolvimento clínico de anos para meses, e o custo, de bilhões para milhões. O impacto econômico é profundo: o que antes era uma indústria intensiva em capital e risco passa a operar com maior previsibilidade, eficiência e escalabilidade.

Outra frente de disrupção igualmente relevante está em finanças. A aplicação de IA generativa e machine learning em gestão de risco, modelagem de crédito e automação de decisões de investimento está desmontando camadas tradicionais de intermediação financeira. Bancos e gestoras que dominarem o uso dos modelos preditivos baseados em dados alternativos — comportamento, consumo, geolocalização, padrões de fluxo — terão ganhos exponenciais de eficiência e precisão.

Mas ainda há um segundo vetor que reforça essa transformação: o avanço das infraestruturas descentralizadas baseadas em blockchain. O casamento entre IA e blockchain cria uma lógica de confiança e transparência para o sistema financeiro global — uma arquitetura capaz de unir habilidades de antecipação, com rastreabilidade e validação automatizada de transações. Esse arranjo não apenas reduz custos operacionais e riscos de contraparte, mas também abre caminho para um mercado de capitais verdadeiramente digital, em que ativos, contratos e fluxos de caixa são tokenizados e interagem de forma autônoma em ambientes programáveis.

Nesse contexto, fintechs de infraestrutura analítica e empresas que integrem IA e blockchain em seus sistemas de crédito, custódia e gestão de portfólio podem se tornar as novas “bolsas de valor” do mundo digital. Um movimento que, embora ainda em formação, tende a redefinir o papel das instituições financeiras tradicionais — e, possivelmente, o próprio conceito de intermediação no capitalismo contemporâneo.

Para o investidor, as oportunidades que advém desse avanço serão um eixo importante de diversificação. Companhias posicionadas nessas intersecções que envolvem as estruturas de dados devem capturar fluxos estruturais de capital ao longo da próxima década. O conceito que transforma os experts em compradores, para em seguida transformá-los em construtores, ganhará forma e proporcionará ganhos importantes aos seus acionistas.

O Brasil, embora ainda em estágio inicial, tem condições singulares de se beneficiar desse ciclo. A combinação de abundância de dados (em saúde, finanças e agronegócio) e escassez de produtividade cria um incentivo natural à adoção de soluções de IA. Startups locais poderão emergir com soluções aplicadas à realidade brasileira e, ao buscarem capital em bolsas internacionais, colocarão o país no mapa global da inovação aplicada.

O avanço da inteligência artificial marca o início de um novo regime de produtividade global — e, com ele, uma inevitável redistribuição de valor entre ativos. O que antes era apenas inovação incremental agora redefine a própria noção de capital produtivo. O dinheiro estacionado em instrumentos de baixo risco, em um mundo em transformação acelerada, perde o poder de participar do crescimento. A aversão à volatilidade, nesse contexto, torna-se sinônimo de complacência com a estagnação.

As grandes oportunidades de retorno passam a se concentrar onde há exposição à inovação: nas empresas capazes de capturar a nova fronteira tecnológica, nos setores que se beneficiam da difusão dos modelos de IA e, no limite, nas geografias que conseguirem se adaptar mais rápido à nova lógica de competição global.

. “Unfuck your future (ou o seu dinheiro)”, nas palavras dele, é mais que um slogan: é um convite à ação. O investidor que entender o tamanho dessa inflexão perceberá que o tempo deixou de ser um inimigo e se tornou o ativo mais escasso da economia moderna.

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João Piccioni

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