Imagem gerada por IA - ChatGPT

Sim, o Ibovespa bateu os 147 mil pontos e isso foi o suficiente para declarar o início da temporada dos gênios. Todas as leituras feitas ao longo dos anos difíceis se concretizaram e, neste exato momento, diversas ações brasileiras têm sido negociadas nas suas máximas ou próximas à elas.

Seria fantástico se a realidade por trás desse parágrafo fosse real. Mas a realidade é mais dura. Aliás, a verdade é que nem TODAS as leituras se concretizaram. Muitas (a maior parte) das ações negociadas na B3 ainda estão longe de representarem investimentos concretos, capazes de compor o capital por anos e décadas. O nosso capitalismo brazuca ainda está a alguns passos da realidade de outras regiões.

Não vou tirar o mérito de alguns gestores locais, que conseguiram surfar bem nesses últimos anos. Mas não vou tirar o chapéu para outros participantes de mercado que esbravejaram inteligência ao longo desses últimos anos, insistindo em temas cansados e em ações de companhias incapazes de se renovar. Míopes, eles deixaram a confiança em suas próprias palavras esvair-se…

Este, no entanto, não é o ponto principal dessa edição.

O ponto é que os mercados globais estão aproveitando um vento de cauda importante, constituído por um forte momentum, alimentado por uma política fiscal extremamente frouxa, responsável por construir polos de ebulição, que se movem lado a lado, deixando de lado os verdadeiros fundamentos.

O que quero dizer com isso é que

Para citar um exemplo: qual a verdadeira relação dos investimentos em IA com as ações de computação quântica? Parece que a relação é gigantesca, mas na verdade, apenas uma fração dos recursos das grandes companhias (aquelas realmente capazes de um breakthrough) estão sendo direcionados para o tema. As altas das ações do setor logicamente não fazem sentido econômico…

O mesmo acontece com a prata: o racional é que a commodity estaria subindo fortemente por um aumento abissal da demanda industrial. Não é bem assim: os preços estão andando simplesmente porque o apetite pelo ouro cresceu muito e já existem dúvidas se ele pode ir além (essa discussão fica para uma próxima edição).

Ah, e os países emergentes?

O mesmo está acontecendo. Tome o Brasil como exemplo: estamos com os juros nas máximas e as commodities nas mínimas, com uma economia que vive à base de esteroides (política fiscal frouxa que leva ao aumento do nosso endividamento), e o Ibovespa nas máximas. E aí eu pergunto: quando foi a última vez que isso aconteceu? Pode-se alegar o que quiser, “a bolsa está barata” ou “estamos negociando abaixo da média do preço-lucro histórico”, mas a verdade é que estamos no olho do furacão do momentum trade.

Não estou querendo dizer também que não é a hora de aproveitarmos. Mas é importante discernir o que são os fundamentos e o que está conectado ao avanço da liquidez. A atenção aqui precisa ser grande: boas teses sobrevivem, liquidez evapora.

Bom, e a inteligência artificial?

Não podia encerrar essa edição sem tecer comentários sobre o avanço da IA. Escrevo essa peça a exatamente uma hora antes da apresentação do fundador e CEO da Nvidia, Jensen Huang no GTC em Washington. Certamente suas palavras vão trazer ainda mais inspiração que as minhas, mas reforço: a Era da Inteligência Artificial começou e ela vai ser transformacional.

Vejo esse setor como um dos únicos que carrega fundamentos econômicos reais generalizados neste instante. São muitos setores envolvidos nessa revolução. Essa transformação parte da infraestrutura e da energia, passa pelo segmento de software, hardware, mobilidade, serviços e conexão. As oportunidades são imensas (e, lógico, exigem discernimento).

Em relação ao mercado financeiro, logicamente existem os exageros. Mas existem negócios poderosíssimos, capazes de gerar fortes retornos ao longo dos próximos anos. Além da fantástica empresa de Jensen, posso citar oportunidades como Coreweave, Nebius, a Alphabet (por que não?), Celestica, entre outras. O espaço para construir um portfólio capaz de trazer fortes retornos nos próximos anos é bastante elevado. Minha missão nos próximos meses será trazer até você uma visão mais clara sobre esses caminhos. Mãos à obra!

Agora temos um email: [email protected].

Mande suas dúvidas, sugestões e críticas para ele! Ficarei feliz em responder!

Forte abraço!

João Piccioni

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