
Imagem gerada por AI - NanoBanana-Gemini
Meu filho tem seis anos e, recentemente, o ouvi discutindo com os amigos sobre quem seria o melhor super-herói. Um defendia o Homem de Ferro, outro o Batman. Cada um tinha seus argumentos, e nenhum parecia disposto a mudar de ideia.
De certa forma, o mercado financeiro se comporta da mesma maneira. Analistas e investidores escolhem seus “heróis” — value, growth, IA, petróleo, dólar — e defendem suas crenças até o fim. Cada ciclo cria suas próprias narrativas, e com elas, suas supostas bolhas. A mais recente é a da Inteligência Artificial.
Este tema tem dominado as discussões de mercado. Principalmente porque ele aflige aqueles que ainda não tiveram coragem de enfrentá-lo. Em todo lugar do mundo, investidores, gestores e analistas tentam entender se o avanço dessa tecnologia representa uma nova revolução produtiva, um gerador de desemprego ou apenas mais uma euforia passageira. Nesse contexto, me sinto impelido à tratar o fato e trazer uma breve visão sobre o que realmente está por trás da suposta “bolha da IA”.
Em primeiro lugar, honestamente, não vejo uma bolha. Os números das big techs neste último trimestre, de forma geral, mostraram uma reaceleração importante das receitas ligadas à IA, refletindo o uso real da tecnologia. Ela deixou de ser uma promessa e se tornou um ativo operacional, aumentando a produtividade, reduzindo custos e criando novas frentes de receita. A cada trimestre, o uso de inteligência artificial se espalha nas demais companhias, transformando processos e, pouco a pouco, a cultura corporativa.
A IA, por sua vez, não proporcionará uma automação total. O man-in-the-loop — o humano que supervisiona e interpreta o que a máquina faz — continua sendo essencial. Esse foi, aliás, um dos principais pontos debatidos no evento da Singularity que estive presente na semana passada: a IA potencializa o ser humano.
Enquanto alguns perdem tempo debatendo se estamos ou não em uma bolha, outros trabalham. Estudam, desenvolvem, aplicam e transformam setores inteiros. São esses que entendem que o avanço da IA não é uma onda, mas sim um novo mecanismo para escalar eficiência. E quem insiste em tratá-la como euforia passageira pode acabar preso ao passado.
O pulso de mercado
Enquanto a discussão sobre a IA ganha espaço, o Ibovespa voltou a subir e atingiu novos recordes, recuperando parte do terreno perdido nos últimos anos.
Esse movimento reflete uma combinação de fatores que se confundem, mas todos alicerçados em um: o grande bull market global, provocado pela dispersão dos recursos antes concentrados nos EUA. O capital internacional, sempre pragmático, voltou a ver valor no Brasil.
Mas é preciso entender que o avanço da Bolsa não é tão uniforme assim. O fator da taxa composta no Brasil é bastante seletivo. Se agora muitas ações sobem, amanhã a valorização vai se recair sobre as empresas que executam bem, têm eficiência comprovada e posição competitiva sólida.
Para mim, três nomes, em especial, simbolizam isso: Embraer, Weg e Itaú.
A Embraer mostra a força da reinvenção e da presença global. Virou um player competitivo e vivaz no mercado de aviação. A Weg representa a disciplina e a inovação industrial sustentada. Vai se aproveitar da onda da eletrificação da mobilidade e dos avanços necessários no segmento de energia para a computação acelerada. O Itaú mantém sua liderança absoluta no setor financeiro e rentabilidade com controle sobre o próprio ciclo de crédito. Certamente é o banco que mais inova.
Empresas com perfis de atuação diferentes, mas com o mesmo DNA: adaptação. Enquanto alguns ainda ficam procurando a bolha, essas companhias seguem crescendo em valor, eficiência e influência.
Talvez o exagero não esteja na IA, e sim na crença de que o mercado tradicional ainda dita as regras de um novo mundo.
Tech Pills — OpenAI
Um pouco mais sobre IA!
Sam Altman, CEO da OpenAI, participou de uma entrevista recente com Brad Gerstner, CIO da Altimeter Capital, no podcast BG2. Ele negou os rumores sobre um IPO em 2026 ou 2027, mas reconheceu: “sou realista, e isso vai acontecer algum dia.”
O motivo, segundo ele, é simples: permitir que investidores de varejo também participem de uma das empresas mais transformadoras da era digital.
Altman deixou claro que o maior desafio da OpenAI não está ligado aos custos elevados de desenvolvimento, mas sim ao risco de não ter capacidade computacional suficiente para sustentar o ritmo de crescimento. Ele descreve a situação como construir um navio grande o bastante para cruzar mares desconhecidos — um investimento arriscado, mas necessário diante da velocidade da inovação.
Quando questionado em relação às promessas futuras de aquisição de capacidade computacional (somam mais de US$ 1,4 trilhão), Altman perdeu um pouco o eixo e fez “ameaças” a Gerstner, sugerindo que ele vendesse suas ações…
A metáfora do navio é direta: o perigo não está em ousar demais, e sim em não estar preparado para o tamanho da próxima onda — essa é uma proposição que gosto.
A OpenAI está apostando alto na expansão da inteligência artificial, e esse movimento simboliza algo maior: a nova era do investimento em tecnologia. A companhia não tem opção: se não acelerar, ficará para trás na corrida contra as big techs. Assim como em ciclos anteriores de inovação, o capital migra para onde há potencial de transformação, mas agora a diferença é que a velocidade da adoção é inédita. O que Altman representa não é apenas a aposta de uma empresa, mas o retrato de um novo paradigma econômico, no qual dados e poder computacional se tornaram os ativos mais valiosos do planeta. E, no ritmo em que o mar da inovação sobe, talvez o tamanho do navio seja exatamente o necessário.
PS: notou a diferença entre as imagens do cabeçalho e do texto? Utilizei o mesmo prompt em motores diferentes. Fantástico como até a IA enxerga contornos de forma diferente…
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João Piccioni
